segunda-feira, 28 de novembro de 2011

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

EU E A NATUREZA

.................................................por Francisco Manoel Corrêa Dias
.....................................................................em 05/11/08

Eu, sítio meu, morros e montanhas falam.
Das gargantas e grotas da serra, ventos falam.
Desde os montes, aragem falsa, mansa brisa. Falam
Sons de feitio medonho, sombras que apavoram. Falam
Ventos, das pinhas bravas, folhas, fuligem. Falam
Das araucárias a lamber-me a testa, o colo, a face. Falam
Aos ouvidos meus, doutros ventos, ares do devir, falam
Da nuvem que vem, corre e, por mim, passa. Falam
Da varanda donde vejo os bichos, a relva, o mato. Falam
Da lua que dorme no sitio ao lado, do sol no rosto. Falam
Da escuridão, das estrelas, nebulosas, galáxias. Falam
De águas plácidas, mornas, à noite, murmurantes. Falam
De águas rasas, limpas, azuis, primaveris. Falam,
Deixam-me refletir, olhar e penetrar, complacentes, águas.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Corpos

..............................................por Arnaldo Luiz Ryngelblum
Corpos
Corpos extenuados, esfaimados
Esparramados nos desvãos das cidades ou
Prostrados nos barracões dos holocaustos
Consomem-se pela fome, sede, violência
Da ignorância, da indiferença e da dissimulação

Corpos dourados ou bem cuidados
Consomem-se pelo consumo
Refugiam-se em cada vez mais novos modelos
Isolam-se protegidos pelas cercas e blindagens
Na indigência, na impotência e na indignidade

Homens à volta reclamam sua atenção,
Sua solidariedade e envolvimento
Que o afastamento incentiva a exclusão
Sabendo que não há alívio no isolamento
Sabendo que não há alegria sem compartilhamento

domingo, 7 de dezembro de 2008

MINHA PAZ

..................................................por Francisco M. C. Dias

Passam brumas, vento, brisa;

Passam garoas, chuviscos, tempestades;

Passam lembranças de tempos idos.

Passam águas claras, rasas de luz;

Passam pinheiros, bromélias refletidas.

Passam o dia, o sol. Sabiá canta, enche o vale.

Passam a casa, adega, o sótão;

Passam das paredes o cheiro úmido.

Passam formigas no jardim fincando folhas;

Passam os besouros que brotam do estrume.

Passam os murmúrios das águas da noite.

(que dizem das coisas da noite).

Passam tuas unhas da mão em meu peito;

Passam o frio e o calor das tuas coxas;

Passa o pulsar do fogo em nossos corpos.

Só a paz, em mim, é que não passa.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Poema aliterando F e V (título provisório)

por Renato Fabriga


Os vultos à volta que vejo
vagueiam velozes, vorazes

Avançam ou fogem os vultos
famintos, ferozes que vejo?

As fúteis feições transformam,
de feias, as formas vazias que ficam

E as formas que ficam, que foram vivazes,
fenecem reversas em vultos que vagam

Avançam velozes os vultos
ou fogem ferozes as formas?

Farfalham no vale os vultos
e em vão vociferam as formas

Que falam as formas? Ouviste?
Que fremem os vultos? Ouviste?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Poema com som de Azul

por Cax Nofre

Azul
Portal da morada compartilhada
Pinceladas amadas
Enluaradas molhadas
Azul
Pintura agrura
Azul
Cantado chorado
Amargo agrado
Azul
Angústia bagunça
Azul
Angustiado calado
Azul
Escuro maduro
Azul
Desejado pintado
Amado portal azulado
Da morada compartilhada
Azulada.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Eu e a minha natureza

por Carmen

Eu e minha natureza
Refém de minha cabeça sou
Com o coração aprisionado
Como as ondas com o oceano
Sempre a lamber a areia da praia
Indo e voltando carregando consigo
Todo lixo que ali se encontra
Sou eu, cuja a menstruação
Não mais banha a terra
Cuja o pentelho coça em menopausa
Pentelho, pentelha sou eu
Refém do sangue que em mim esfrio
Do vômito que engulo
Tantos são os sapos
Tantas são as lágrimas
Tanta dor no estomago
Garganta seca, costa curvada
Seios escondidos dentro das vértebras
Catarro, saliva muitos fluidos
Que engulo e não distribuo
Nem a minha seborréia
Que entremeia em meus cabelo
Eu dou, esta sou eu.